sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Relato de Parto (7/9) - VBAC Domiciliar – Valentina – 21.04.2016

Parte 7


Passado cerca de 40 minutos começam os primeiros puxos. Senti mais uma vez a intensidade da força da natureza. Puxos são algo surreal, e eu entendi na prática porque bebês nascem no carro, na rua, onde for. Não há como impedir o desejo de expulsão do corpo. “Deixei” os puxos seguirem, mas não ajudava com mais força. Em uma nova ausculta, Lia comentou que ela deveria ser realmente muito comprida, visto que já percebia os batimentos muito baixos e o bumbum ainda estava empinado no alto da minha barriga. Emendou que ela já havia passado do marco zero o que me deu novo ânimo. Sim, minha menininha, ops, meninona nasceria naturalmente! Aqui iniciamos o a terceira e última fase do meu TP: o despertar.


Lia (EO) e Renata (doula) : um círculo de amor e amparo.


Eu não me recordo de perceber a chegada da Cris, enfermeira neo, mas já tinha perguntado por ela há algum tempo, pois sabia que sua chegada implicava na proximidade do nascimento. E eu desejava o fim. Estava exausta.

“Nasce logo” era hit em minha mente.

Tentei trocar de posição na água, mas a borda um pouco murcha não me dava a sustentação adequada. Queria pedir para encherem, mas não verbalizava. Mais uma vez as tais coisas que pensamos e não conseguimos dizer. Colocamos a banqueta de parto na piscina, mas não me posicionava direito. Optamos por tentar a banqueta fora d’água. Levantei apoiada pelo Douglas e senti uma laranja, melhor, abacate, entre as pernas. Ela havia descido. Nesse ponto eu já ajudava fazendo toda a força possível durante o puxo.







Renata limpava suor da minha testa. A dor no baixo ventre era realmente incômoda, não cessava entre as contrações. Pedi uma compressa quente nessa região. Interessante como no período expulsivo algo se renova e ficamos mais alertas. “Lia, reza pela minha bebê”. Uma imagem de Nossa Senhora Aparecida me lembrava de pedir por conforto e proteção. Lia sugeriu troçarmos a posição, pois já estava a um tempo na banqueta, o que poderia edemaciar o colo. Cris sugeriu então 4 apoios no sofá (a mesma posição onde tudo começou, talvez meu corpo já dizia o que eu ainda não sabia ouvir) tendo em vista a possibilidade de ampliarmos a área de passagem.

Marido sentou na chaise e me apoiei sobre ele. Então a cada contração, acocorava e fazia mais força. Sentia minha menina descendo! Eu a queria imensamente e pedia que viesse com toda vontade do meu coração. 

"Deus, me ajuda" sussurrei. Risos ecoaram, já que esse costuma ser o indicativo de que o nascimento está próximo. Lembrei-me da minha mãe, que sempre contava que quando a gente acha que não vai aguentar mais o bebê nasce. Opa, então eu estava quase lá! (há pelo menos umas 4 horas rs).




E na sequência natural de minha playlist, os primeiros acordes de “Sabemos Parir” de Rosa Zaragoza preencheram a sala.

 “Que providencial essa música agora!”, exclamou Renata.

Os versos tomaram minha mente como uma oração. (Pensei em minha amiga Talita, compartilhamos nossa primeira gestação e choramos juntas nossas cesáreas desnecessárias por longo tempo. Meses atrás ela pariu seu segundo filho. Em meu chá de bênçãos me presenteou em primeira mão com seu lindo relato de parto e com a letra dessa música. Era um papel marcado por fita adesiva, que ela mantinha colado em algum lugar e usou para se fortalecer em seu momento. Senti sua força foi transmitida a mim nesse gesto).





2 comentários:

  1. Aí meu Deus, kd o resto???? Embora já tenha ouvido td pessoalmente, estou aqui ansiosa pelo desfecho!!!!!

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  2. Aí meu Deus, kd o resto???? Embora já tenha ouvido td pessoalmente, estou aqui ansiosa pelo desfecho!!!!!

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