Parte 2
A
chegada de Valentina
Agosto 2015. Fomos
surpreendidos por uma nova gestação. Era esperado, desejado, mas não planejado
para o momento. Eu estava no auge da produtividade. Foram nove meses muito
ativos, liderei uma equipe e conclui um segundo curso superior nesse período. Sentia-me
cansada, pesada e temia uma gestação de alto risco que comprometeria meus
planos de parto domiciliar.
A escolha por um parto em casa envolve uma série de variáveis. Demanda estudo e empoderamento. Nem sempre eu estive segura de que esse seria nosso caminho, até que batemos o martelo com 24 semanas de gestação. Esse seria nosso plano A. Seguimos o pré-natal com GO e enfermeira, e conforme a gestação avançava fomos consolidando nossa história.
De posse de todo conhecimento que busquei nesse intervalo entre as gestações, me senti verdadeiramente protagonista do meu processo, tanto que nas semanas finais, com a possibilidade de um bebê macro e uma cesárea anterior, me senti confortável para recusar a sugestão de descolamento de membranas como um auxiliar indutor do parto. Ela viria naturalmente, eu sabia.
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A escolha por um parto em casa envolve uma série de variáveis. Demanda estudo e empoderamento. Nem sempre eu estive segura de que esse seria nosso caminho, até que batemos o martelo com 24 semanas de gestação. Esse seria nosso plano A. Seguimos o pré-natal com GO e enfermeira, e conforme a gestação avançava fomos consolidando nossa história.
De posse de todo conhecimento que busquei nesse intervalo entre as gestações, me senti verdadeiramente protagonista do meu processo, tanto que nas semanas finais, com a possibilidade de um bebê macro e uma cesárea anterior, me senti confortável para recusar a sugestão de descolamento de membranas como um auxiliar indutor do parto. Ela viria naturalmente, eu sabia.
PRODROMOS
Quarta-feira, 20 de abril de
2016. 40s+1. Eu já vinha sentindo ensaios vigorosos nas últimas semanas.
Contrações de BH poderosas deixavam um gostinho de quero mais, de chega logo.
Mas nesse dia algo amanheceu diferente. Eu já estava a 9 dias de licença
maternidade, mas foi o primeiro dia em que eu consegui ficar sozinha em casa
relaxando.
No dia anterior, dediquei
meu tempo para a Maria Julia. Ela não foi para a escola, brincamos, pintamos, e
em mais de uma oportunidade senti que se tratava de nossa despedida enquanto
mãe e filha únicas. Chorei muito. Cantei, chorei, cantei mais um pouco. Orei.
Pedi pelo meu milagre com muita vontade. No Face,
um vídeo do louvor “Ressuscita-me” da Aline Barros “pulou” na minha TL e me
tocou profundamente. Foi escrita para esse momento da minha vida, certeza!
Nessa manhã de quarta-feira,
as habituais contrações também mudaram de característica, agora a dor, que
antes se concentrava na barriga, passou a irradiar de maneira intensa na região
lombar. Elas vinham a cada meia hora, durando cerca de 40/50 segundos, mas eu
sabia que eram um bom sinal, sabia que eram ondas características de um
trabalho de parto que poderia engrenar a qualquer momento. Decidi não cronometrar
e seguir vida normal, me deliciando com a sensação de que meu corpo estava
trabalhando.
Ainda pela manhã terminei de
assistir The Red Tent, série (baseada
no livro de Anita Diamant) que me foi recomendada por uma amiga, como sugestão
de que toda mulher grávida deveria assistir. Nela, mulheres compartilham rituais
e suas vivências numa tenda vermelha, transmitindo um legado de amor e
cumplicidade, que as acompanha durante toda sua vida. Nem preciso dizer que
chorei horrores. Tocou-me profundamente. Relembrei do meu chá de bênçãos
surpresa, minha caixa de bênçãos, os mimos e mensagens de apoio e incentivo que
recebi. Peguei a primeira roupinha da Valentina, cheirei, apertei, chorei. Pedi
que ela viesse, queria senti-la, tocá-la, amá-la.
No fim da tarde fiz um
ultrassom. Tanto o GO quanto minha EO, Lia, recomendaram que eu realizasse
tendo em vista a perspectiva de um bebê grande. Com 37s, Valentina estimava
3500g. Eu não queria fazer, porque sim, eu temia um bebê grande demais. Não
pela via de parto, porque eu acredito na força da natureza, mas pela
possibilidade de um bebê muito grande inviabilizar um parto domiciliar após
cesárea. Não que exista um limite formalmente estabelecido, mas o tema me
trazia certa apreensão, mesmo conhecendo casos de outros VBACs de bebês macro. No
US a grata surpresa, estimativa de 3900g, informação que me relaxou e me deixou
confiante de que nossos planos seriam mantidos. Antes de contar as boas novas a
parteira, resolvi monitorar algumas contrações. Vinham a cada 20 minutos,
doloridas, mas suportáveis.
À noite fiz minha habitual
caminhada pelas ruas do bairro. Brinquei de pular meio fio, já que não tinha uma
escadaria para me estimular. Passou o carro do churros e eu senti vontade. "nasce bebê, para eu poder comer um docinho logo". Jantei, banhei e intencionava dormir cedo, já que
precisaria dessas horas de sono, caso o TP engrenasse. Por volta das 23h30 troquei
a última mensagem com a Lia, contei que minha lombar já não parava de doer, uma
contração a cada 10 minutos. Ela
animada, pediu para eu avisar quanto estivesse 1 a cada 5 minutos.
“Você está tranquila?” perguntou
ela.
“Sim, muito!”
E na promessa de mais notícias adormeci relaxada e feliz.
Lia (EO) e Maju: Pré Natal em casa, um conforto! |
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