Parte 1
Mãe: Marcela
Battilani Belo
Pai: Douglas V.
Mazzetto Belo
Irmã: Maria Julia B.
Belo
GO: Edson L. Rudey
Doula: Renata
Frossard
Equipe PD - Semilla: Enf.ª Obstetra:
Eliana D. P. Cismer
Enf.ª Neonatal: Cristiana
P. F. Pinto
Já se passaram 5 meses do
nascimento da minha filha Valentina e enfim consegui finalizar meu relato de
parto. Aqueles que me conhecem de perto sabem do profundo respeito que tenho
pela chegada de uma nova vida ao mundo e o quanto o tema me encanta e emociona,
especialmente o nascimento por via natural. Então eu precisava gestar esse
relato também. Necessitava de algum tempo para degustar o sabor de parir um
filho apenas comigo mesma. Precisava encontrar palavras que pudessem expressar
esse êxtase e plenitude dentro de mim, precisava acalmar a felicidade
transbordante e ter a certeza de que realmente estava vivendo um puerpério
tranquilo, doce, maduro.
Esse não será relato curto. São 9 partes especialmente escritas para dividir e inspirar. E se você, leitor@, conseguir chegar até o fim, espero que possa
valer a pena.
O legado de Maria Julia
Nasci de parto normal, com
direito a pacote de violência obstétrica completo. Ainda assim, minha mãe
sempre nos incentivou ao parto. “A recuperação é mais rápida”, dizia ela, após dois partos e uma cesárea. Mas, internamente já vislumbrava que haveria mais, muito mais do que "apenas" recuperar. Eu sempre desejei parir. Pelo meu bebê, por mim. Fazia parte do meu ideal de maternidade.
Em 2011, após 39 semanas de
gestação, fui induzida a uma cesárea desnecessária, que teve como pano de fundo
a diabetes gestacional, que estava controlada por rigorosa dieta, a propósito (e
aqui reforço que o próprio GO me disse posteriormente que foi uma conduta
baseada em seu instinto e não evidências). Na época, com medo, sem metade do
empoderamento e rede de apoio atual, acatei.
Não tive um evento cirúrgico
ruim, mas emocionalmente carreguei a ferida aberta de um ciclo que não
encerrou. Minha filha Maria Julia chegou linda e saudável, mas meu corpo pedia
algo que eu não pude dar. Era como se eu ainda estivesse grávida. Queria voltar
no tempo, queria minha barriga de volta. Momento confissão: chorei muitas vezes
no chuveiro simulando os movimentos do parto que eu não tive. Também fui perseguida
pela culpa de não lhe proporcionar um nascimento natural com todas as suas
vantagens. Toda essa salada mista impactou em muitos aspectos de minha vida,
afinal, vivi a antítese de todas as minhas crenças sobre o bem nascer.
Usei os anos seguintes para
estudar e fortalecer meu desejo de parir respeitosamente, livre de intervenções
desnecessárias, livre para exercer a plenitude de um trabalho de parto e nascimento
dignos, cercada e protegida pelo amor da minha família. Quando o filme O
Renascimento do Parto estreou, levei meu esposo comigo. O filme possibilitou
que o Douglas compreendesse efetivamente o que se passava dentro de mim. Compartilhamos
o silêncio mais simbiótico de nossas vidas. Então nossos desejos se cruzaram, e
no fim do filme, com os olhos marejados, ele disse:
“Agora eu entendo, nosso próximo filho nascerá como e onde você quiser”.
“Agora eu entendo, nosso próximo filho nascerá como e onde você quiser”.
21.12.2011 - Bem vinda meu novo ser, bem vinda minha Maju! |
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