sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Relato de Parto (6/9) - VBAC Domiciliar – Valentina – 21.04.2016

Parte 6 

Sentido a dor intensa de cada contração eu lembrei da minha amiga-comadre Juliana, cujo primeiro parto acompanhei. Foi um parto poderoso, muito intenso e que exigiu muito dela. O desfecho favorável certamente me trazia força. É incrível pensar como todas essas histórias de parto de amigas, conhecidas, e também da minha amada irmã, cujo parto também presenciei, me vinham a minha mente em vários momentos, do início ao fim, e como isso renovava e ajudava a manter a tranquilidade dentro de mim. 

Contudo a dor e o cansaço me fizeram pedir por transferência, analgesia para aplacar a dor, cirurgia para findar a espera. Por algum tempo eu clamava em pensamento ”analagesiaaaaaaa”, “cesáreaaaaa” a cada vocalização (rs). Soltei o clássico “ai, gente, agora é sério!” E numa dessas Douglas olhou para Lia como quem diz: “e agora?” e ela respondeu em gestos: “está tuuudo bem, é assim mesmo”. A transição inesperada para o momento já dava seus sinais...


Por volta das 7h, talvez no auge da exaustão Lia me propôs um combinado (o famoso combinado das parteiras rs). Aguardaríamos mais uma hora de evolução para então realizarmos mais uma avaliação e definirmos os rumos. Eu pensava em minhas amigas. Desejei tê-las ali comigo com sua poderosa energia vinda da Mãe Terra. Queria minha amiga-doula Pata.



“Pede para as meninas rezarem por mim” choraminguei.
No grupo de whats “Bênçãos para Valentina” (criado para as articulações do meu chá de bênçãos surpresa) ficou o registro do pedido: “orem por ela, cansada, sem dormir, contrações Power”. E na sequência uma deliciosa chuva de vibrações positivas. O parto é mesmo uma força poderosa que une mulheres. E naquele momento se consolidava minha Tenda Vermelha, minha moderna tenda virtual, materializada pela presença e amparo da Lia e da Renata, que juntas sustentaram e trabalharam para a realização do meu sonho de parir naturalmente.    
Estava imersa em meus pensamentos, concentrada em superar minhas contrações, quando Maju resolveu iniciar um longo diálogo. Nesse momento eu já não me sentia receptiva para conversar, mas também não queria que se afastasse. Ela mostrava sinais de cansaço, uma vez que já era dia e passara a maior parte da madrugada em claro. Logo eu precisaria decidir os rumos da participação dela no processo.

Às 8h, Lia sugeriu avaliarmos, conforme combinado. Nada poderia ser mais desconfortável naquele momento, mas eu queria saber. As contrações vinham a cada dois minutos quase não deixavam espaço para o toque. Tensão, expectativa. Lia levantou a mão com dedos sujos de sangue. Lembro-me de ver muitos dedos (rs). Uma expressão de surpresa em seu rosto.

“Má, você não vai acreditar, 8cm!”.

“Jura? Você não está mentindo para mim?”

Só então me contou minha condição na primeira avaliação. Havia evoluído rapidamente e praticamente todo o tempo na piscina.



Tão logo Maju e papai começaram a se desentender, eu soube que ela teria que ir. Precisava me concentrar. Tempos depois, já de volta na piscina escutei minha amiga que a levaria chegar. Abri os olhos e a vi a Francy entrando.

“A amiga parideira veio dar força para a outra”, recepcionou-a a parteira.

Recebi um abraço por trás e um beijo, junto a palavras de incentivo quando me queixei: “Você está ótima, tranquila, está indo muito bem”. Comentaram algo sobre o tamanho (grande) da bebê e ela partiu levando minha lindinha junto.








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