Parte 3
O DIA P
21 de abril de 2016. 1h36.
Acordei para o habitual xixi. Sentada no vaso sanitário senti a primeira
contração. Era forte, doía o baixo ventre e irradiava para a região lombar. Passados
5 minutos outra, mais 5 minutos outra. Eram fortes. Saí do quarto e posicionei em
quatro apoios na chaise do sofá, onde
troquei as primeiras mensagens com a parteira. Ela viria me avaliar. Tinha medo
de acionar a equipe com alarme falso, mas eram tão doloridas e próximas que não
seria possível. Douglas dormia no quarto da Maju e curiosamente acordou ao
mesmo tempo. Depois de um carinho, foi em silêncio organizar a louça da pia
(rs). Mandei mensagem para a Renata, minha doula, com intenção de alertá-la
para a possibilidade de um TP, que poderia precisar dela mais tarde, e fui para
o chuveiro tentar acalmar as coisas, quem sabe desacelerar a intensidade, pois
estávamos apenas começando e eu sentia que entrava em uma avalanche. Após 15
minutos da primeira contração já sentia uma a cada 3 minutos. Fortes, muito
fortes. Fiz um áudio para a Lia com intuito de que reconhecesse o TP na minha
voz (voz de TP é infalível rs). Já não conseguia contá-las.
No chuveiro apoiei na bola e
deixei a água cair sobre a lombar. Mas também sentia dores no baixo ventre, e a
água que caía não dava conta de acalmar os dois lados. Então, fiz um áudio para
a doula: “Renata, vem pelo amor de Deus!” Saí do chuveiro e voltei para a sala.
Pedi ao Douglas uma massagem. Sentei apoiando os braços nas costas da cadeira e
não consigo lembrar-me se gostei. Ele conta que não (rs). Na verdade eu já nem
me recordava dessa massagem até ele me contar recentemente.
Passado cerca de meia hora
Lia chegou em casa. Nesse ponto já preciso admitir que as lembranças são, em
parte, confusas, não sei se conseguirei reproduzir a ordem cronológica dos
fatos de forma fidedigna. Eu já havia voltado a me apoiar no sofá. Ela pediu
para ver minha linha púrpura e estimou que já deveríamos estar entre 5/6 cm. “Uau, TP ativo!”, pensei. Voltei ao chuveiro e num
tempo que não sei estimar, minha doula surgiu na porta.
“Rê, dói muito, faz a sua
mágica”
“Quem dera eu pudesse” respondeu
com seu melhor sorriso acolhedor.
Tão logo me auxiliou a encontrar uma posição
no chuveiro, senti frio e ela cobriu meus
ombros com uma toalha.
Gosto de caracterizar meu TP em 3 "fases" ou "períodos". A primeira eu chamo de Avalanche, fui arrebatada e arrastada por algo maior, cujo controle não me pertencia.
Gosto de caracterizar meu TP em 3 "fases" ou "períodos". A primeira eu chamo de Avalanche, fui arrebatada e arrastada por algo maior, cujo controle não me pertencia.
As contrações vinham rápido
demais, o chuveiro não dava conta de relaxar. Não sei quanto tempo fiquei ali.
Na cabeça um turbilhão: expectativas x dor.
Mal havia passado uma hora de trabalho de parto e já sabia que não teria nenhuma foto
sorrindo ou mesmo a clássica foto registrando a dilatação com os dedos. Eu estava pronta, confiava no meu
corpo e sabia que poderia doer muito, mas não esperava iniciar com tamanha
intensidade de contração. Aquela altura já vocalizava com vontade.
Eu só pensava em desacelerar a coisa, “tá muito rápido, tá muito rápido!”, não estava no script! (Rs)
Eu só pensava em desacelerar a coisa, “tá muito rápido, tá muito rápido!”, não estava no script! (Rs)
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