quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Blogagem coletiva: eu sou ativista da amamentação!


A Semana Mundial do Aleitamento Materno terminou, mas eu, defensora máxima da amamentação, acredito que esse deve ser um tema frequente nas rodas maternas. Precisamos fomentar a cultura do amamentar, disseminando informações sobre os benefícios e oferecendo todo o apoio necessários às novas (e velhas) mamães.

Entonces, sapeando pela net, encontrei o convite a blogagem coletiva do Blog do Desabafo de Mãe. Nem preciso reforçar que achei a ideia o máximo e me cocei para participar. A proposta é que as blogueiras maternas dediquem, entre os dias 10 e 20 de agosto, um post especialmente ao tema e, de cara, se coloquem como ativistas da amamentação. Me encontrei, gente!

Quem acompanha o blog, já teve oportunidade de ler o que escrevi sobre a minha experiência durante a SMAM 2013, então agora, republico meu post especialmente para a blogagem coletiva, esperando que todas as tentantes, simpatizantes, gestantes e mamães entendam o porquê, de fato, sou ativista da amamentação:


Então, hoje (quase amanhã, tendo em vista a hora, 23h00), vim aqui ocupar o espaço e dedicar um 'dedim de prosa' às futuras mamães e às mamães frescas. Vim aqui para dizer que eu entendo os medos e inseguranças de vocês. Não por ser psicóloga, mas por ser mãe.

Eu também tive medo, embora sempre tivesse acreditado que seria capaz de amamentar. Pra falar a verdade, antes da Maria Julia nascer, não me recordo de ter dúvidas se conseguiria amamentar ou não, mas penso que em algum momento a insegurança deve ter passado pela minha cabeça. Fato. Até porque brincava com minhas parceiras de trabalho enfermeiras que me ordenhariam até sair leite caso eu não o tivesse. A presença delas, especialmente da Fabi Oliveira, minha personal nurse, sempre foi tranquilizadora nesse aspecto.

Eu sempre tive uma visão bem romântica da amamentação. Eu lindona, de cabelo escovado, unhas feitas, depilada, bem vestida, descansada e sorridente, com um lindo bebê a sugar em intervalos regulares, suspiros, carícias e olhares constantes. Rá! Coitada. Eu, inocente, acreditava que seria como nas novelas ou propagandas da tv. Caí do cavalinho, do ponei, do burro, do jumento... a verdade é que muitas vezes você estará descabelada, usando um sutiã de amamentação nada sexy, sem tempo de fazer a unha ou cabelo. Estará tão cansada que esquecerá a blusa aberta até mesmo em público, usará brincos diferentes em cada orelha ou mesmo calçará sapatos trocados. Jogará Candy Crush Saga, fuçará o Facebook, internet, lerá um livro ou assistirá tv enquanto amamenta. Mas o toque, o carinho e os olhares de amor estarão presentes o tempo todo. Ainda que seja para dizer, pô filhote, dá para acelerar um pouquinho? Quem disse que não há romantismo nisso?

Antes da Maria Julia nascer eu planejei que ela mamasse na primeira hora de vida (pesquisem os benefícios). Eu também sonhei um parto normal que não aconteceu. E, mesmo tendo acordado com a pediatra que ela mamaria ainda no centro cirúrgico, caí na lorota de que a bebéia estava muito quietinha, 'pouco esperta' (Apgar 9-10, tá?), que não estava buscando o peito. Pouco esperta fui eu, que deveria ter exigido que colocassem ela junto ao peito nu...(ainda que não mamasse!)

Então, quando fui para o quarto, ainda sob o efeito da anestesia, fui informada pelo berçário que ela seria levada até mim assim que conseguisse me virar de lado para amamentar. O que aconteceu? Em um milionésimo de segundo virei de lado, sem mesmo sentir as pernas e disse que estava pronta para amamentar (brinca com mamífera pra ver, hehehe)! Então a bolotinha (3.540 g) chegou, toda de mamacãozinho rosa, e foi colocada no meu peito...tão lindo, tão emocionante, aquela pele de veludo, aquele cabelinho farto e escuro (macio, macio, macio)...então pude namorá-la, contar os dedinhos, ter nosso primeiro papo descente pós nascimento (até fiquei um tempo com ela no CC, mas sem comentário, né?)... Finalmente ela estava ali, depois de tanta espera! 

Nossa primeira vez...

Fiquei tão embebida em ocitocina amor, que não percebi que ela não fez a pega corretamente. Mais tarde, constatamos que ela encostava a língua no céu da boca e acabava fazendo um movimento mais parecido com uma mordidinha do que sucção (poderia ter sido diferente se tivesse sido apresentada ao peito no CC?).

Como assim? A coisa não é automática? Frustração... Obviamente que, na situação em que me encontrava, culpei a desnecesárea cesárea, a pediatra que não deixou ela mamar no CC e tudo mais que estava ao meu alcance. Então passamos por um treinamento intensivo de aleitamento materno ainda no hospital. Esforços concentrados em ajudar a fofinha a sugar direitinho. Mil dúvidas na cabeça, mas eu ainda acreditava que tudo daria certo. 



Após a alta, chegamos em casa confiantes. Na cabeça uma certeza: a prática leva à perfeição! Então livre demanda (LD) para a bebéia! Sempre tentando garantir que ela abocanhasse ao máximo a auréola (impossível, no meu caso se tornou um gigante biscoito Negresco), conferindo a boquinha de peixinho, fazendo o rodízio das mamas para que ela mamasse o 'fundinho', tudo lindo e perfeito, até o quarto dia... quando 'as tampas' do bico se foram. 

PQP! Vai doer assim na casa do #@4@&%$! Simplesmente o bico do seio esfolou a ponto de sair sangue. Peito mal passado. Não chegou a rachar, mas tive uma espécie de queimadura-carneviva-sanguinolenta no mamilo, sei lá que raio foi aquilo, mas a dor era dilacerante. Me lembro como se fosse hoje, minha mãe trazendo ela para mamar na madrugada e a lágrima começar a escorrer antes mesmo dela abocanhar o peito. Quando ela pegava então, eu soluçava aos prantos. Lembro que doeu muito, até mesmo quando não estava amamentando, pois o contato do sutiã com o peito era insuportável (nesse momento sucumbi à concha para proteger da dor). Nesse momento 'entendi' (só que não!) o porque de algumas mulheres não amamentarem (e me desculpem as mamães que, de fato, não puderam ou conseguiram amamentar), bem como a força da frase: amamentar é uma ato de amor. Quanto mais eu chorava, mais tinha certeza que queria fazer aquilo. Eu queria e precisava amamentar. Porque eu acredito na força do leite materno, eu acredito na força do olhar da mãe que amamenta sobre sua cria. Eu sabia que ia passar. E assim foram os próximos 5/6 dias, chorando na hora de amamentar, hidratando com o próprio leite, fazendo banho de luz, dormindo sem a parte de cima da blusa, acordando com a cama encharcada de leite. 

Então, no 10º dia, o machucado sumiu como mágica... Minha teoria é que o danado do mamilo calejou (pior que parece que forma um calo mesmo rs.). Conclusão: a pega estava errada.

Passada essa fase vieram as flores? NÃO, exatamente! Ainda que o ato de amamentar tivesse se tornado absurdamente prazeroso, um momento de troca de olhares, cheiros, toques, nutrição, amor, afeto, etc, etc, etc, as dúvidas se multiplicavam na minha cabeça: "será que tenho leite suficiente?", "será que o que eu como dá cólica no bebê?", "será que meu leite é forte o suficiente?". E mais um número incontável de questões... Neste ponto eu afirmo que, mesmo que a mulher esteja muito instruída, quando o bebê abre o berreiro, a gente questiona tudo o que sabe ou o que acha que sabe. Eu sabia que não precisa de água e dei algumas (poucas) vezes. Eu sabia que não precisava de chá, mas dei (outra poucas vezes). Eu sabia que se mamasse em LD teria todo o leite que ela precisava, mas tomei medicamento por 03 dias quando ela completou 03 meses de vida, porque achei que aquele peitinho murcho (comparado ao peito 'Pamela Anderson' do primeiro mês) não tinha leite suficiente. Eu sabia que aos poucos minha produção se ajustaria às necessidades da bebéia, e que o peito não mais 'empedraria' com facilidade. Eu sabia que não iria vazar o tempo todo, mas testava na frente do espelho para ver se esguichava (me julguem!)

Enfim, chamei amiga enfermeira, pesquisei no Dr. Google, tive todas as neuras possíveis. Ainda assim, cada momento valeu a pena. 

Ah, e daí vieram as flores... também não! Porque com o tempo, os picos de crescimento, a ansiedade de separação, dentre outros e outros motivos, as mamadas noturnas se intensificam. A demanda por mamãe mamá aumenta em muitos momentos. E uma mãe já 'cansada' (porque a maternidade implica em uma transformação absoluta), se torna ainda mais 'cansada'. Mas insistimos na LD e os períodos de maior demanda foram sendo melhor administrados pouco a pouco. Haja adaptação! E quando as noites passam a ser mais tranquilas, os dias se tornam mais puxados, literalmente, porque depois de certa idade eles puxam a blusa da gente onde quer que estejamos para garantir aquilo que lhes é de direito. Eu dou, sempre. Ou quase sempre (só se não tiver como mesmo). Ainda pago peitinho geral (me julguem de novo!). 

Cozinha experimental na escola
E hoje, após 1 ano, 7 meses e 15 dias, sinto que esse ciclo está chegando ao fim. Minha meta sempre foi pelo menos os dois primeiros anos de vida. Após esse período faremos um desmame gradual. Acho que esse será o nosso tempo, o meu e o dela (também acredito no tempo de cada dupla). E vai ter valido a pena cada minuto. Então eu me dou conta que as flores estavam ali o tempo todo. Algumas ofuscadas por seus espinhos, outras por suas folhagens densas, mas estavam ali o tempo todo. Muito romantismo no ar!

O prazer de nutri-la foi incomensuravelmente maior do que qualquer desconforto ou lágrima (agora eu tô chorando hehehe). Fui agraciada pela possibilidade de amamentar minha filha pelo tempo que sempre quis. Vencemos os 6 meses de amamentação exclusiva e seguimos com o aleitamento materno prolongado em LD até os dias atuais. 

Que todos os bebês tenham a chance de receber o melhor. Que todas as mamães tenham paciência e perseverança para oferecer o melhor.   :)

Muito leitinho para vocês!


6 comentários:

  1. Lindo o texto! Muito emocionante! Fiquei com os olhos lacrimejados (oohh eu pagando mico aqui na clínica rsrs...) Você é meu exemplo de irmã/mãe e tenho orgulho de dizer isso. Você é uma super mãe MARAVILHOSA! Ainda bem que tenho você, porque sei que vou passar por tudo isso e você vai estar ao meu lado sempre. Amo vc!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada, florzinha, você é suspeita, mas fico muito feliz que se sinta assim em relação a mim. Estarei sempre aqui para você... :) Amo mais! bjo bjo

      Excluir
  2. Marcela... Pura emoção o seu texto!! Linda a troca de olhares da última imagem. É preciso ter persistência para amamentar e essa somente vem com o pensamento firme de que vai conseguir. Muitas mães desistem antes, por falta de incentivo e informação. Tenho certeza que uma futura mamãe que aqui vier ler o seu texto, vai sair com a positividade que você bem demonstrou ter todo esse período!!
    Boa sorte nas futuras etapas!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Uau, que visita ilustre! Muito obrigada pelo carinho e pelo incentivo. Fico muito feliz! Sempre sonhei com esse espaço onde pudesse transmitir as minhas vivências e auxiliar outras mãezinhas de primeira viagem como eu! Obrigada pela visita e volte sempre! :)

      Excluir
  3. Delícia de partilha e que bom que descobri mais uma blogueira da boa, sô! Essa roda é sempre positiva pra gente se identificar e encontrar a turma: amei!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ganhei o mês! Duas visitas ilustres no mesmo dia! :D
      Muito, muito obrigada pelo carinho, pelo elogio e pelo incentivo!
      Isso me motiva a escrever mais em mais! Será sempre muito bem vinda a essa roda, volte sempre!

      Excluir